quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Toneladas de alimentos jogadas ao lixo diariamente no Rio de Janeiro

Denise Vieira



Desperdício de alimentos no maior centro de distribuição atacadista do Estado continua atraindo catadores



O Ceasa é um dos maiores e mais conhecidos centros de abastecimento agrícola do Rio de Janeiro, situado em Irajá, só perde em tamanho para a unidade instalada na capital paulista. Considerado o maior centro distribuidor de pescado do Estado e a segunda maior concentração pontual de caminhoneiros do Brasil, o Ceasa é famoso pelo seu tamanho, pela variedade que oferece no comércio atacadista, e famoso também pelo desperdício abundante de alimentos.


Todos os dias, toneladas de alimentos são jogados fora nos pátios da central por se encontrerem fora das condições comercializáveis. Praticamente qualquer dano que o alimento sofra já o torma impróprio para a venda. Motivos como a grande exposição ás condições climáticas, maturação execiva dos alimentos, danos causados pelo transporte, arranhões e amassados são os grandes responsáveis pelo desperdício. Esses alimentos descartados atraem pessoas, famílias, vindas de toda parte do Rio em busca de reaproveitar os alimentos descartsdos pelos boxes.

Embora a idéia nos remeta à miséria imediata, o que se constata é que a maioria das pessoas que vão ao Ceasa com esta finalidade, estão ali complementando o que suas rendas não permitiriam normalmente. Como é o caso de Nelson de Oliveira, 36 anos, eletricista informal que costuma ir ao Ceasa duas vezes na semana junto com sua família, onde consegue levar pra casa de graça o que compraria regularmente na seção de hotrtifruti. nos supermercados varejistas. Para ele esta atividade se traduz numa enorme economia mantendo suas necessidades alimentares, tendo em vista que a renda de 400 reais mensais que ganha é insuficiente pra suprir as necessidades do Casal e seus seis filhos.

Alimentos mais frágeis, como frutas e verduras que exigem mais cuidado na conservação, são os campeões disparados no desperdiço, pois apesar disso recebem o mesmo tratamento que os demais alimentos. Frutas mais delicadas como o mamão, chegam ao desperdício absurdo de 25% da carga total ao final do expediente, o que equivale a cerca de 1.800 quilos de mamão jogados fora todos os dias. Levando-se em consideração o valor atual de cada caixa de mamão, o que se deixa de lucrar diariamente nos boxes equivaleria a a três vezes a quantia que Nelson recebe o mês inteiro por seus serviços.

A situação de desperdício não é novidade, existe tempo suficiente para que tenha se formado uma "fama" do centro de abastecimento. Acontece que os donos dos boxes também não sabem o que fazer para evitá-lo sem que sejam responsabilizados pelos alimentos. Desta maneira descartam a carga não comerciával nos pátios e esperam que aqueles que tenham algum interesse nestes alimentos venham buscá-los.